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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Quanto cabe dentro de um obrigada?

Lembro-me do que pedi lá naquela Copacabana no Réveillon de 2015/2016. Foi só um pedido. Eu pedi com tanta força, mesmo sem acreditar que era possível. Mesmo sem acreditar que eu era capaz. Mesmo não crendo tanto em mim. Mesmo reaprendendo a me amar.
2016
passou e eu não fazia praticamente nenhum movimento pra que aquilo que pedi e, que parece tão simples aos olhos de tantos, acontecesse em 2016.
Aprendi que a vida muitas vezes dá muitas voltas pra atingir seu objetivo. E já no último trimestre as coisas começaram a mudar. E eu sabia que iam mudar. Meu coração dizia. Das coisas que a depressão me ensinou: a ouvir meu coração. A me sentir. A me respeitar.
Há pessoas que entram em nossas vidas com tanta força, intensidade que parecem até que sempre estiveram por ali. Parecem trazidas sob encomenda e embrulhadas para presente. Há tanta coisa em comum que chega a dar medo. Mas o medo bom. O “medo de você”.
Mas eu sei que aqui dentro de mim havia medo. E não era pouco. Talvez por isso, eu que nem ouço muito música sertaneja, tenha escolhido Medo bobo, como a música que marcou essa fase. Sim, como diz a música, "só dá pra saber se acontecer" e com certeza, foi muito melhor do que eu imaginei. Se eu soubesse teria feito antes: teria me aberto pra vida. 
Mas foi na hora certa. Do jeito certo. Com a pessoa certa. Sim, posso dizer com toda certeza que foi um presente. Foi o fim do meu medo bobo.
Pode não ter tido o “happy end” dos romances das comédias românticas que tanto gosto, mas teve tanta coisa boa. E nem quero ou vou fazer crítica ao que doeu, e dói ainda, das dúvidas que permeiam minha mente, dos questionamentos que ainda pulsam em meu peito, porque a vida me abraçou de forma bela. Resolvi olhar apenas o que foi bom. Tive o que pedi lááá no réveillon. E consegui superar muitas das barreiras emocionais que eu mesmo colocava (coloco?) no meu caminho. Barreiras que fizeram eu desistir de mim. De desistir de tentar viver algo bom por bastante tempo.
E foi natural. Eu fui eu. De corpo, alma, cara de pau, grosserias, sinceridade, sentimento, carinho, palavras, fala, olhos nos olhos, entrega e coração. E fui aceita. Fui querida. Fui cuidada. Fui acarinhada de uma forma que eu nem lembrava mais como era bom. Me senti viva. Feliz. Realizada. Encorajada e curada.
Das minhas batalhas diárias contra a depressão, talvez fosse essa a mais difícil. E por causa disso, não me sentia “curada”. Ainda me via como uma doente em recuperação. Minha auto-estima muitas vezes questionadas por mim. Meu amor próprio tantas vezes jogado ao chão. Ao longo dos últimos anos fui vencendo todas as batalhas, mas faltava as tais barreiras. Temia enfrentá-las, confesso. Mas com ele não foi uma batalha, foi algo natural. Foi como se eu nunca tivesse me escondido atrás de toda nuvem negra que me cercou.
Aprendi que a vida nem sempre é só sorrisos ou como queremos, mas ela é perfeita naquilo que se propõem a nos ensinar. Por isso, sou grata pela passagem dele na minha vida. Por isso, aquele vídeo que recebi dele com a música Photograph  no trecho que diz:
Amar pode curar
Amar pode remendar sua alma
E é a única coisa que eu sei
Eu juro que fica mais fácil 
Se lembre disso em cada pedaço seu
E é a única coisa que levamos com a gente quando morremos

 Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre”

Fez tanto sentido. Depois tanto tempo eu, finalmente, me via curada. E ele foi o instrumento utilizado pelo Papai do Céu pra isso. E não esquecerei.
Acredito que não tenhamos nos amado. No sentido mais amplo da palavra. Até porque, descobri que o coração dele pertencia à outra, mas a tarefa a ser cumprida por ele na minha vida foi desempenhada com sucesso.
No meio de tantas emoções a flor da pele na minha ânsia de me defender, de não querer sofrer, de ter que afirmar e reafirmar mil vezes-pra mim (falando, escrevendo, postando) o quanto é importante eu me colocar em primeiro lugar, eu tenha cometido exageros. O que talvez não seja óbvio é que toda a armadura que eu possa ter vestido foi para proteger o ser frágil que pudesse vir a se esconder dentro dela (eu). O que também não foi evidenciado é que ao me afastar eu tentei além de me proteger, protege-lo de algo que, ao me ver, já era nocivo a ele. Já o fazia sofrer...A minha presença.  E não queria eu, justamente eu, o ferir. E abrir mão era só a alternativa que me restava. Por mim, mas também por ele.
Quisera eu, poder ajudá-lo a superar suas fraquezas. A “cura-lo” de algo que o fere. Que dói. Quisera eu ocupar um lugar especial na história de vida dele.
Somos tão parecidos. Tão teimosos. Tão resistentes às mudanças. Tão apegado às pessoas que nos fazem bem. 
Em nossa última conversa me via nos questionamentos dele. Me via nas escolhas que ele estava prestes a fazer. Como por exemplo, ter que provar para si mesmo que a culpa de não ter sido como se imaginou não era dele. De insistir em seguir pelo mesmo caminho, fazer igual e aceitar que o outro não faça esforço algum para mudar (até onde sei).  Onde só ele parece prezar pela felicidade de tantos. Só pra ter certeza de que fez tudo o que era possível. Eu fiz isso no passado! É de uma teimosia, de um orgulho e de uma vaidade sem tamanho! É um medo de construir algo novo, seja só ou acompanhado. Assim como eu! Um não suportar ser rejeitado. Um mundo desabando diante dos olhos dele, assim como desabou diante dos meus há poucos anos atrás. Mas ele precisa calçar os próprios sapatos e traçar os caminhos que ele escolher. Toda dificuldade nos faz mais forte. Nos faz melhor.
Que ele encontre pessoas que possam segurar na mão dele e ajuda-lo a seguir. Quero que ele seja feliz com as escolhas que fizer e que a vida o abençoe de acordo com o seu merecimento.
É difícil e estranho que alguém que estava inserido na minha vida, rotina e casa do nada me pareça um estranho. Quando é necessário medir o que vou dizer. Quando a espontaneidade vai pelo ralo. É estranho e dolorido demais. Essa obrigação que temos do dia pra noite de não falar mais. De ignorar, pra não doer tanto. De fingir ser indiferente, quando na verdade não somos.
É louco usar o pretérito imperfeito pra falar de algo que aconteceu faz 10 dias como se fosse na minha infância. Sem chance, motivo ou razão para acontecer novamente.
Hoje descobri que nem nas redes sociais ou aplicativos de mensagens podemos mais nos falar. Possivelmente meu número está bloqueado. E entendi que é um desejo dele que eu não mais participe de nenhuma forma da sua vida. Que não quer ter contato comigo. Foi triste, ver “meu presente”, “minha cura” não querer nem construir, quem sabe no futuro, uma relação de amizade e respeito, como nos prometemos. Mas entendo e aceito as escolhas e o jeito dele.
Eu o agradeci tantas vezes, mas com certeza ele não sabe que tudo isso estava dentro daquele "obrigada". Cabe muita coisa dentro dessa palavra e dentro desse sentimento de gratidão por tudo que vivi, aprendi, cresci. Não precisa ser eterno, mas precisa valer a pena. E valeu. 

O que eu diria a ele? 
Obrigada por tudo isso que escrevi acima. Obrigada por ter sido intenso, por um jeito feliz, conturbado e dolorido, ter me mostrado que eu voltei a me amar. Obrigada por ter passado pela minha vida. Por ter se feito especial pelo que é. Pelo que foi. Nem sempre algumas pessoas ficarão em nosso caminho, mas, certamente, não é por mero acaso que elas aparecem. Desculpe-me pelas falhas cometidas. Pelos possíveis “transtornos”. Pelas palavras firmes e duras. Só queria que você conseguisse ter mais firmeza e segurança nos seus passos. Só queria evitar que você trilhasse por caminhos que já percorri e sei o quão doloridos são. Se precisar de algo, estou por aqui. Se cuida. Com carinho e saudades. Carla. 




"A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim" ❤👫

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